Libardi & Silva - diferença e infância indígena
Libardi & Silva - 2018 final.pdf.pdf
Documento PDF (270.1KB)
Documento PDF (270.1KB)
DIFERENÇA E INFÂNCIA
INDÍGENA NO BRASIL: UM
OLHAR A PARTIR DA NARRATIVA
CINEMATOGRÁFICA
DIFFERENCE AND INDIGENOUS
CHILDHOOD IN BRAZIL: A LOOK AT
THE CINEMATOGRAPHIC NARRATIVE
Suzana Santos Libardi1
Conceição Firmina Seixas Silva2
Resumo: O presente trabalho discute a infância indígena no Brasil, a partir de
narrativa do cinema nacional. Adota-se a abordagem geracional e a linguagem
cinematográfica, não em seus aspectos técnicos ou como recurso didático, mas
como ferramenta para experimentar outras possibilidades de interpretações da(s)
infância(s) no Brasil. Por meio das histórias e personagens diversos, esperamos
confrontar a certeza própria das ciências e da forma como entendemos, lidamos
e narramos a infância no seu viés normativo. Selecionamos o documentário
Waapa para debater a questão da infância indígena, sua peculiaridade e diferença,
em diálogo com a produção acadêmica. Identificamos dois aspectos – educação
e convívio com os adultos – que ajudam a pensar o lugar destas crianças em suas
comunidades e, ao mesmo tempo, refletir sobre as diversas possibilidades de
narrar a infância.
Palavras-chave: infância. infância indígena. crianças indígenas. cinema nacional.
Abstract: This paper aims at discussing the indigenous childhood in Brazil, as
presented by the national cinema narratives. A generational approach and the
cinematographic language are applied, not for its technical aspects or as a
didactic resource, but as a tool to try out other possibilities to interpret the
childhood(s) in Brazil. Through stories and several characters, we expect to
confront the certainty in science itself and the way we understand, deal with and
narrate the childhood in its normative bias. We have selected the documentary
Waapa to debate the question of indigenous childhood, its peculiarity and
difference, in dialogue with the academic production. We identified two aspects
– education and the social life with adults – which help reflect upon these
children's place in their community and, at the same time, upon the several
possibilities to narrate the childhood.
Keywords: childhood. indigenous childhood. indigenous children. national
cinema.
1 Professora adjunta da Universidade Federal de Alagoas - Campus do Sertão, doutorado em
Psicologia pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio de
Janeiro, suzana.libardi@delmiro.ufal.br
2 Professora adjunta da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - Departamento de Estudos
da Infância/Faculdade de Educação, doutorado em Psicologia pelo Programa de Pós-Graduação
em Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, conceicaofseixas@gmail.com
REVISTA FÓRUM IDENTIDADES |Itabaiana-SE, Universidade Federal de Sergipe, v. 28, p. 25-40, set.-dez. de 2018.
25
DIFERENÇA E INFÂNCIA INDÍGENA NO BRASIL: UM OLHAR A PARTIR DA NARRATIVA CINEMATOGRÁFICA
INTRODUÇÃO
Atualmente, observamos grande quantidade de pesquisadores de
várias áreas do conhecimento acadêmico realizando pesquisas e estudos
sobre/com crianças/infâncias em variados contextos sociais e culturais
do Brasil. No que tange às crianças e infâncias indígenas, todavia, a
produção acadêmica brasileira ainda é pouca3 (PRADO, 2017).
No presente trabalho, a infância é entendida a partir de uma
abordagem geracional, o que significa que é tratada como categoria
estruturante da sociedade (JENKS, 1982) e que, por sua importância na
organização social, pode ser tomada como analisador da mesma. A
infância é valorizada, então, enquanto grupo social, e como tal, as formas
pelas quais se relaciona com outros grupos geracionais são de central
importância analítica. Considerando a diversidade cultural dos inúmeros
contextos sócio-históricos brasileiros, os estudos da infância e das
crianças no país vêm cada vez mais argumentando pela necessidade de
reflexão sobre a diferença, no sentido de conhecer, pesquisar, mapear,
compreender as infâncias brasileiras. Isso significa que ao mesmo tempo
em que a mirada geracional é relevante, pois toca a todas as crianças de
alguma forma, suas experiências não ocorrem descoladas dos marcadores
de etnia, raça, gênero (ROSEMBERG, 1996; SIQUEIRA, 2013), ou de
diversidade cultural, por exemplo, colocados para as crianças pela
realidade social. Por isso, o presente trabalho se soma ao esforço de
pensar, simultaneamente, a problemática etária e geracional entrelaçada à
questão da diferença e suas várias formas de manifestação no país.
A infância indígena é tomada como caso para problematizar a
experiência de infância enquanto categoria universal (COHN, 2000;
ZOIA & PERIPOLLI, 2010) e identificar aspectos da sua especificidade.
Para isso, recorremos aos trabalhos de campo com crianças indígenas
realizados por alguns pesquisadores no Brasil (BROSTOLIN & CRUZ,
2011; COHN, 2000; DOMINGUES-LOPES, OLIVEIRA &
BELTRÃO, 2015; GRUBITS, 2003; PINHEIRO & FROTA, 2009;
ZOIA & PERIPOLLI, 2010). Além de dialogar com pesquisas na área
interdisciplinar dos estudos da infância, este artigo adota uma narrativa
3
Informação também verificada por uma das autoras deste artigo por meio de dados
preliminares de pesquisa PIBIC-UFAL-FAPEAL, sob sua coordenação. A pesquisa, intitulada
“Estudos da infância e comunidades tradicionais”, está realizando levantamento quantitativo e
qualitativo de artigos publicados em periódicos nacionais de grande circulação no país, em
quatro áreas do conhecimento.
REVISTA FÓRUM IDENTIDADES |Itabaiana-SE, Universidade Federal de Sergipe, v. 28, p. 25-40, set.-dez. de 2018.
26
Suzana Santos Libardi; Conceição Firmina Seixas Silva
veiculada pelo cinema nacional para discutir a temática que se propõe – a
infância indígena no Brasil.
A linguagem cinematográfica é trazida aqui como possibilidade
de experimentar outras formas de narrar a infância a partir de imagensnarrativas contra-hegemônicas. Pesquisar a infância indígena, abrindo-se
de fato para as formas de viver dessas crianças, já é algo que se direciona
para outros caminhos, que não aqueles produzidos pelos modos
normativos de teorizar a infância que falam sobre um tipo de infância –
aquela dos espaços urbanos, que compõe as camadas sociais médias e
altas, que vai para escola e mora com sua família nuclear. Ainda no
contrafluxo, apoiamo-nos em personagens, imagens, enredos, sons como
ferramenta que nos possibilitam outras maneiras de interpretar a infância
no Brasil, tão plurais quanto sua própria história, sociedade, geografia,
cultura. Não falamos do lugar de estudiosas do cinema, mas como
pesquisadoras da área dos estudos da infância em uma perspectiva
crítica, que, além de tensionar o modo normativo como a infância foi (e
é) teorizada na sociedade ocidental, dialoga com outros modos de
interpretações da realidade que confrontem com as certezas e,
consequentemente, aprisionamentos que a ciência, e os usos que
fazemos dela, podem produzir.
Como apreciadoras do cinema, trazemos suas narrativas e
interpretações para nos auxiliar a alcançar os objetivos aos quais este
artigo se propõe. Não queremos, com isso, desvalorizar toda e qualquer
produção científica sobre a infância, mas sim assumir que partimos da
perspectiva de vertentes que tomam a pesquisa e o teorizar sobre a
infância como produzindo lugares sociais importantes para as crianças
(PEREIRA, SILVA & OGG, 2018). Dessa forma, como pesquisadoras,
somos levadas a alguns questionamentos, e a responsabilidade de
abordar tal assunto nos conduz a perceber os modos de produções de
subjetividades infantis de comunidades indígenas e as formas como as
crianças vivem e narram suas infâncias, mais com o compromisso de
sermos afetadas do que buscando confirmar as teorias que estudamos.
Ou seja, assumimos esse teorizar como lugar de diálogo e também de
confronto de visões de mundo, e não como produções de verdades,
ainda que cientes de que as nossas pesquisas e textos impactam na forma
como a infância é narrada e vivida. Na disputa de interpretação e
produção de uma realidade, o cinema também está presente com sua
leitura do mundo e da(s) infância(s). É nesse entrecruzamento de textos
acadêmicos, de nossas produções científicas e da linguagem
REVISTA FÓRUM IDENTIDADES |Itabaiana-SE, Universidade Federal de Sergipe, v. 28, p. 25-40, set.-dez. de 2018.
27
DIFERENÇA E INFÂNCIA INDÍGENA NO BRASIL: UM OLHAR A PARTIR DA NARRATIVA CINEMATOGRÁFICA
cinematográfica, que situamos o desafio de olhar e se confrontar com a
infância indígena.
Escapando de uma ideia universal de infância, como aquela
inaugurada pelos paradigmas sociais, históricos e científicos da
Modernidade – responsáveis por produzir uma visão essencializada e
estática de infância –, apostamos em vertentes teóricas que tomam essa
categoria, primeiro como fruto de uma “prática discursiva, social e
linguística” específica (CASTRO, 2002, p. 49), o que confere à infância
um sentido relacional, isto é, sendo conformada a partir da maneira
como é posicionada e narrada na sua relação com seus pares e adultos.
Segundo como uma categoria singular, marcada pela diferença em
relação a outras categorias etárias. No entanto, concordamos com Castro
(2002) que essa diferença que inaugura um sentido de infância – e que a
distancia da adolescência e da adultez – é produzida histórica e
culturalmente. Na sociedade Moderna, a diferença é marcada pelo
aspecto da racionalidade, ou seja, a infância é a categoria que se constitui
como aquela “não falante” e nem de posse da razão, diferente da adultez.
Ao falar a infância indígena, a diferença se circunscreve em um duplo
aspecto: como marca geracional e como distância da cultura ocidental e
urbana.
A infância tal como teorizada pela sociedade ocidental se
apresenta, conforme Larrosa (2010), como algo que sabemos o que é, o
que precisa; é capturada pelos diversos saberes e instituições com a
certeza de saber do que trata e como explica. No contrafluxo dessa ideia,
o autor propõe justamente tomar a infância como um outro, como
alteridade, como enigma (LARROSA, 2010). Corroborando com o
pensamento de Larrosa, consideramos o aspecto da diferença para tratar
a infância não como algo que é sabido, mas que escapa à nossa
objetivação, que não é transparente – o que é próprio da alteridade.
Como enigma, a infância tampouco é tomada como uma ideia que será
decifrada após seguir determinadas pistas, mas permanecerá, por um
lado, radicalmente singular, não traduzível e, por outro, como um
convite a rever os saberes que produzimos sobre ela e as práticas que
destinamos às crianças como as educativas, por exemplo. A infância
indígena talvez radicalize ainda mais essa ideia da alteridade, por se
distanciar das visões normativas de infância ocidental, que se adequam
àquelas vividas em contextos urbanos. Habitando uma lógica de tempoespaço diferente, essa infância se constrói a partir de outras relações com
seus pares e com os adultos.
REVISTA FÓRUM IDENTIDADES |Itabaiana-SE, Universidade Federal de Sergipe, v. 28, p. 25-40, set.-dez. de 2018.
28
Suzana Santos Libardi; Conceição Firmina Seixas Silva
Considerando a produção cinematográfica brasileira sobre
crianças indígenas, que ainda é bem reduzida, assim como as pesquisas
acadêmicas, selecionamos entre os produtos recentemente lançados o
documentário Waapa (MEIRELLES, REEKS & MENDONÇA, 2017)4,
com intuito de debater a questão da infância indígena, sua peculiaridade e
diferença. Nossa reflexão acerca da infância indígena – sem tomar essa
categoria como homogênea – apoiar-se-á na análise do referido
documentário.
INFÂNCIA
INDÍGENA
NO
BRASIL:
QUE
DIFERENÇAS
INSTAURAM?
Waapa aborda a infância da etnia Yudja, especificamente a
comunidade da aldeia Tuba Tuba, localizada no Parque Indígena do
Xingu, no estado do Mato Grosso. Waapa, que para o povo Yudja
significa “elemento da natureza que ensina, remédio que cura”, tem
duração de vinte minutos, aproximadamente. O documentário é narrado
em português por Yabaiwa Juruna, professor indígena e importante
interlocutor para o povo Yudja. O narrador aparece no vídeo e as
imagens captadas na aldeia apresentam seu entorno e território; um
território de vida, como pode ser percebido especialmente pela fala do
narrador e pelas imagens das crianças Yudja e suas atividades. As fases
da lua dão ritmo ao vídeo, marcam a narrativa e os rituais ou cuidados
relativos às crianças da comunidade.
Em entrevista concedida para uma das autoras deste artigo
(OLARIETA, SILVA & OGG, 2018), Paula Mendonça de Menezes,
uma das diretoras do documentário, relatou que a demanda por
documentar o tema do Waapa partiu da própria comunidade indígena, a
fim de deixar registrado a importância dos remédios e dos rituais do
Waapa para eles e, principalmente, para a educação das crianças, tendo
em vista o receio de que tais práticas se percam. Segundo Paula, o
argumento do documentário é dividido entre os diretores e Yabaiwa
Juruna, e sua realização se deu por meio do diálogo com toda a
comunidade. Os enquadramentos feitos em Waapa são belíssimos,
decorrentes de uma fotografia sensível que permite aos espectadores
admirarem a beleza natural da aldeia e se aproximarem um pouco da
4 Realização
do Instituto Alana e Território do Brincar, produção da Maria Farinha Filmes,
disponível na plataforma online e gratuita Vídeo Camp. Para maiores informações sobre o
documentário, acessar: https://www.videocamp.com/pt
REVISTA FÓRUM IDENTIDADES |Itabaiana-SE, Universidade Federal de Sergipe, v. 28, p. 25-40, set.-dez. de 2018.
29
DIFERENÇA E INFÂNCIA INDÍGENA NO BRASIL: UM OLHAR A PARTIR DA NARRATIVA CINEMATOGRÁFICA
sensação de imensidão que a reserva oferece – apesar de alguns takes do
vídeo mostrarem grandes propriedades particulares beirando a floresta,
lembrando-nos da disputa por terra e seu uso na região.
Destacamos também a preservação na aldeia Tuba Tuba de
idioma próprio – o que não é mais tão recorrente na maioria das
comunidades indígenas brasileiras, especialmente nas do Nordeste,
“como resultado do intenso contato interétnico que experimentaram”
(PINHEIRO & FROTA, 2009, p. 736) e ao altíssimo grau de extermínio
dos povos indígenas na região.
A seguir, apresentamos uma análise do documentário com base
em duas categorias que nos parecem relevantes para se pensar a infância
da comunidade indígena em questão e, simultaneamente, imprescindíveis
também para se pensar a diferença colocada pela infância das crianças
indígenas perante as infâncias urbanas do Brasil, em geral. Tais aspectos
foram agrupados em categorias de análise – o convívio das crianças
Yudja com os adultos da sua comunidade, fundamentado a partir de
laços geracionais específicos, e o processo educativo das crianças – que
serão discutidos, respectivamente, nos tópicos que seguem.
Convívio com os adultos
As crianças, como indivíduos de qualquer outro grupo
geracional, convivem com sujeitos de outras gerações. Elas, porém, por
integrarem a geração da infância, têm sua relação com os mais velhos
caracterizada de forma particular. Tal como vem sendo argumentado por
vários pesquisadores (CASTRO, 2002; JENKS, 1982), crianças são
geralmente vistas na sociedade ocidental como indivíduos que estão em
posição de subordinação às gerações mais velhas, de modo que a relação
entre crianças e adultos é comumente pensada como sendo,
predominantemente, uma relação unidirecional em que, de forma
bastante naturalizada, “adultos dão e crianças recebem”: adultos provém,
adultos cuidam, adultos decidem, adultos regulam a vida das crianças etc.
Isso ocorre, por um lado, porque as crianças são vistas,
hegemonicamente, como sujeitos que estão numa posição de
dependência perante os mais velhos. Por outro lado, se nos
distanciarmos do olhar adultocêntrico sobre a infância (ALANEN,
2001), seremos capazes de reconhecer a ação das crianças sobre os mais
velhos, uma ação que demonstra responsividade sobre o que é
demandado delas, mas também uma ação criadora, que gera
REVISTA FÓRUM IDENTIDADES |Itabaiana-SE, Universidade Federal de Sergipe, v. 28, p. 25-40, set.-dez. de 2018.
30
Suzana Santos Libardi; Conceição Firmina Seixas Silva
acontecimentos, e não apenas que responde a eles de forma ativa. Neste
sentido, a ação da criança (sua agência) está condicionada ao simples fato
de ela ser e estar no mundo (QVORTRUP, 2011). É com base nisso, que
Castro (2013) afirma que “crianças e adultos são parceiros na construção
do mundo em que vivemos” (p. 112), mesmo que com formas
diferenciadas de ação. Desta forma, é interessante considerar alguns
casos por meio da observação respeitosa da ação protagonizada por
crianças.
Tomemos o caso das crianças Yudja. Observamos, no
documentário, uma outra forma de ação e inserção e de estar presente na
comunidade, que poderiam, inclusive, causar certo incômodo se
estivéssemos imbuídas de uma visão normativa de infância, que
posiciona a ação da criança a espaços e tempos específicos. Na sociedade
ocidental, a ideia de incompletude, fragilidade e despreparo vinculada às
gerações mais novas sustenta uma lógica de proteção que se dá com a
retirada da criança do mundo como um todo e do contato com aquilo
que os adultos consideram perigoso. Enquanto se desenvolvem, as
crianças são resguardadas aos espaços privados – normalmente a casa e a
escola – a fim de se prepararem para agir no mundo quando adultas.
Dentro dessa lógica, está contida a ideia de um preparo para ação no
mundo. Na prática, significa a retirada da criança do mundo como um
todo para ensiná-la sobre as coisas deste mundo, com a expectativa de
que, futuramente, ela aja sobre aquilo do qual foi resguardada.
Em Waapa, há cenas que exploram as atividades das crianças nas
suas brincadeiras, na forma de se locomover pelo território, de aprender
com os adultos. Vemos as crianças navegando pelo rio sem a presença
ou orientação de um adulto – o rio é um lugar muito importante para os
Yudja, afinal, como narra Yabaiwa, eles são “o povo do rio” – usando
em algumas tarefas o facão, o fogo, manuseiam flechas, dentre outras
atividades, que podem parecer “perigosas” para as crianças, ao nosso
olhar. Um exemplo é a colheita da mandioca: todos executam a mesma
tarefa (de desenterrar e transportar a mandioca, cada pessoa carregando
um peso diferenciado) e na qual crianças ficam perto dos adultos
observando ou fazendo junto o trabalho do momento. A presença das
crianças neste tipo de atividade aparece em Waapa de forma bastante
integrada com os adultos. A forma como vemos as crianças nessas
atividades, no documentário, não nos evoca um sentido de perigo ou
risco, dada sua desenvoltura nas situações citadas. Não acreditamos que
elas agem naturalmente com esses objetos, mas aprendem a lidar com
REVISTA FÓRUM IDENTIDADES |Itabaiana-SE, Universidade Federal de Sergipe, v. 28, p. 25-40, set.-dez. de 2018.
31
DIFERENÇA E INFÂNCIA INDÍGENA NO BRASIL: UM OLHAR A PARTIR DA NARRATIVA CINEMATOGRÁFICA
eles, conquistam a permissão dos adultos para usá-los com autonomia, e
precisam, com isso, responder à confiança que lhes é depositada. Não
seria este o significado de responsabilidade? O engajamento de crianças
nas diversas atividades executadas no cotidiano de aldeias indígenas no
Brasil é uma temática registrada também pela produção acadêmica
(COHN, 2000; SILVA, 2013).
Além do engajamento, identifica-se como diferença a alta
circulação dos mais novos pela variedade de espaços das aldeias, sem que
muitas vezes haja vigilância ostensiva dos mais velhos sobre as crianças,
no território de grandes dimensões; como também ocorre nas
experiências de crianças Kayapó-Xikrin do Bacajá (COHN, 2000), de
crianças Jenipapo-Kanindé (PINHEIRO & FROTA, 2009), de crianças
Terena (ZOIA & PERIPOLLI, 2010) e em revisão de literatura sobre
crianças indígenas do Brasil realizada por Silva (2013). Isso acaba
permitindo uma grande apropriação do território por parte dos meninos
e meninas indígenas em nosso país.
O aspecto das atividades executadas pelas crianças e da sua
circulação na natureza nos evoca uma outra lógica de proteção e cuidado,
que se baseia não na retirada da criança do mundo para depois lançá-la
quando adulta, mas, sim, numa lógica na qual a criança vai aprendendo
na medida em que está e age no mundo, criando, por meio do convívio
com os mais velhos e com seus pares, formas para se cuidarem e se
protegerem. A noção de cuidado e proteção, que carrega sempre uma
dimensão intergeracional (LIBARDI, 2016), vê-se estabelecida, no caso
dos Yudja, a partir de outros acordos entre adultos e crianças. Acordos
estes baseados numa maior troca, experimentações, criação de vínculo de
confiança mútua, do que propriamente em uma relação tutelar do adulto
com a criança. Zoia e Odimar (2010), em pesquisa com crianças e
adultos indígenas do povo Terena, também identificaram peculiaridades
na forma como eles lidam com a problemática risco/proteção nas
atividades diárias das crianças, levando-nos a perceber uma diferença na
forma como os mais velhos conduzem as crianças e na forma como elas
obedecem a eles. De modo geral, os Terena, tal qual os Yudja, não
denotam a relação adulto-criança como via de mão única ou
eminentemente tutelar, na qual o adulto busca deter o papel de
comando. O papel de cuidador e cuidadora, exercido pelos adultos,
emerge nas relações por outras vias, que não as do controle.
Quando perguntada sobre as semelhanças e distanciamentos
entre a forma como as crianças Yudja vivem suas infâncias e aquelas de
REVISTA FÓRUM IDENTIDADES |Itabaiana-SE, Universidade Federal de Sergipe, v. 28, p. 25-40, set.-dez. de 2018.
32
Suzana Santos Libardi; Conceição Firmina Seixas Silva
contextos urbanos – enfatizando que não se tratava de tomar nem uma
nem outra como bloco homogêneo – a diretora Paula Mendonça de
Menezes, na entrevista mencionada, respondeu pelo caminho da relação
de cuidado e proteção dos mais velhos com os mais novos e dos últimos
com os primeiros. Ela demarcou a mutualidade e reciprocidade como
este processo é vivido pelo povo Yudja – semelhantemente aos Terena,
que veem crianças e adultos como interdependentes (BROSTOLIN &
CRUZ, 2011). Nesse sentido, o cuidado se fundamenta a partir de uma
dependência mútua, e não em detrimento dela, isto é, como sentimento
de responsabilidade frente ao outro (MATTOS, PÉREZ, ALMADA &
CASTRO, 2013, p. 370). Um aspecto demarcado por Paula, nessa
relação de cuidado, é a liberdade que é concedida às crianças Yudja para
explorarem o território, para experimentarem, conhecer aquilo que ainda
não sabem. E tal liberdade está apoiada na confiança depositada nas
crianças, pelos mais velhos, na sua capacidade de ação. Diz Paula: “Se,
por um lado, tem essa liberdade de circulação no espaço, por outro, tem
uma confiança na capacidade delas [as crianças] por parte dos adultos”
(OLARIETA, SILVA & OGG, 2018, p. 173).
O documentário nos leva a perceber, na movimentação e
deslocamentos da crianças Yudja pelo território da aldeia, a imagem de
sujeitos representados não pela fragilidade e ausência de poder, ainda que
se reportando respeitosamente aos velhos – a própria ideia do
documentário surge de uma preocupação dos adultos do povo Yudja de
transmitir sua tradição às crianças (OLARIETA, SILVA & OGG, 2018),
ensinando para elas a importância dos seus costumes. A relação de
adulto e criança que acontece mediada por esse ensinamento se distancia
de uma relação pedagogizada, a quem as coisas do mundo são
didaticamente explicadas, posicionando as crianças como sujeitos que
não são capazes de lidar com aquilo que os adultos lidam como os
instrumentos, por exemplo. Adultos e crianças ocupam posição
diferenciada, e isso é notório, mas não se trata de uma diferença que
destitui a criança de sua liberdade e autonomia de explorar, no presente,
o que os próprios adultos lhe ensinam – o arco e flecha, o rio, o roçado,
etc. No documentário, há uma cena que explora a passagem da
brincadeira para a atividade que não é brincadeira, mostrada a partir de
uma situação em que crianças e adultos constroem suas casas na vida real
e no âmbito do brincar, respectivamente, utilizando-se dos mesmos
materiais e esboçando os mesmos traços arquitetônicos que se
diferenciam principalmente pelo tamanho. Percebemos ali, que a vida
REVISTA FÓRUM IDENTIDADES |Itabaiana-SE, Universidade Federal de Sergipe, v. 28, p. 25-40, set.-dez. de 2018.
33
DIFERENÇA E INFÂNCIA INDÍGENA NO BRASIL: UM OLHAR A PARTIR DA NARRATIVA CINEMATOGRÁFICA
adulta não é marcada, predominantemente, pelas tarefas que os adultos
fazem – uma vez que muitas dessas tarefas são realizadas por crianças –
ou seja, por o que se faz, mas é marcada por como se faz, pela seriedade
com que é feita.
Assim, ao explorar imagens que confrontam com uma visão
normativa e ideal de infância, percebemos uma potência na relação
criança-adulto nas cenas do documentário, de modo a nos convidar a
repensar a forma como narramos a infância e nos relacionamos com as
crianças, construindo uma relação mais parceira, menos professoral e
autoritária, num processo de descoberta mútua, e também de
compartilhamentos dos riscos e desafios que se abrem a partir dessa
forma de convívio. No convívio das crianças Yudja com os adultos, o
cuidado conta, inclusive, com outros elementos, como a proteção
espiritual das entidades, culturalmente referenciada.
Refletindo sobre educação indígena a partir dos Yudja
O segundo eixo de análise, selecionado a partir de Waapa, trata
do processo educativo das crianças Yudja. A respeito disso, a oralidade é
o meio das instruções na aldeia, não só entre os Yudja, mas também em
várias outras comunidades indígenas brasileiras (TERENA, 2003).
Embora o documentário registre muitas cenas de instrução, sabe-se que
no cotidiano dos povos indígenas brasileiros não há, propriamente, um
“momento” para a instrução, sendo o aprendizado construído
eminentemente com a observação, por parte das crianças, dos exemplos
dados pelos mais velhos (BROSTOLIN & CRUZ, 2011), a forma como
fazem algum trabalho específico, a disponibilidade para ser observado ou
imitado (SILVA, 2013), e para acolher as tentativas e erros das crianças
(BROSTOLIN & CRUZ, 2011; MAHER, 2005).
Ainda sobre o processo educativo, um aspecto que chama
atenção é a noção de aprendizagem denotada pelo documentário. Tal
como é demonstrado por Cohn (2000), em pesquisa com os KayapóXikrin do Bacajá, os Yudja parecem também compartilhar uma noção de
aprendizagem ligada àquilo que se é capaz de fazer, de executar. Um
exemplo é a habilidade da pontaria e o uso eficaz da flecha para caçar,
“se não ele vai passar fome, ele não vai conseguir matar”, diz o narrador
do documentário. A aprendizagem incentivada pelos adultos e valorizada
pela aldeia é, eminentemente, prática, pois trata-se de um saber que serve
à sobrevivência e à manutenção da vida daquele povo e suas tradições;
REVISTA FÓRUM IDENTIDADES |Itabaiana-SE, Universidade Federal de Sergipe, v. 28, p. 25-40, set.-dez. de 2018.
34
Suzana Santos Libardi; Conceição Firmina Seixas Silva
uma característica não apenas das duas etnias citadas, mas da educação
indígena no Brasil em geral (MAHER, 2005; TERENA, 2003). A
relevância deste aprendizado para a comunidade pôde também ser
observada em Waapa, quando o narrador afirma que ser Yudja é “fazer
tudo que Yudja faz”, ou seja, o que se faz (o que se aprendeu) carrega
também um sentido mais profundo que extrapola sua utilidade prática, já
que ajuda a definir a identidade daquele povo.
Os adultos têm papel geracional fundamental no aprendizado de
habilidades pelas crianças Yudja, mas isso não significa, tal qual no meio
urbano, que há especificações de quais adultos desempenham,
prioritariamente, o papel de professor. Na vida na aldeia a aprendizagem
foge da lógica institucionalizada, criada pela sociedade moderna por meio
do projeto universal de escola, que concentra o tempo/espaço de
aprender, como também com quem se aprende. Na educação indígena
todo tempo é tempo de aprendizado e o mesmo ocorre com variadas
pessoas da comunidade, não predominantemente com alguém que ocupa
o lugar de professora (MAHER, 2005).
Os adultos do povo Yudja, porém, não atuam por si só, sem
qualquer tipo de suporte, para favorecer o aprendizado das crianças.
Além da atividade das próprias crianças sobre sua educação, o
documentário registra que os adultos, frequentemente, evocam
propriedades especiais de elementos do seu habitat, os quais são vistos
de forma cosmológica. Isso os ajudará a fazer com quem habilidades
específicas sejam desenvolvidas pelas crianças. O cuidado e investimento
na construção da habilidade, por exemplo de tecer, conta com uma
espécie de aranha, que é tida como boa tecelã, e que pode passar sua arte de
tecer para as meninas. Em uma cena do documentário um adulto passa a
aranha nas mãos de uma menina, dizendo: “Que ela seja uma boa tecelã.
Que ela consiga fazer uma rede”; tentando “transmitir” um pouco da
habilidade específica do animal para a menina. A construção da
habilidade é associada ao uso de um “remédio” adequado para ajudá-la
na aprendizagem/desenvolvimento de uma habilidade, mas conta
também, como mostram as cenas, com alguma instrução das mulheres
mais velhas para as meninas e muita observação destas últimas, que
também imitam aquelas primeiras. Outro exemplo é do investimento na
construção da habilidade de flechar, por parte dos meninos. Ela conta
com o uso de uma castanha como “remédio” para ajudar o menino a ter
boa pontaria. Simultaneamente, Waapa registra também os ensinamentos
de homens da aldeia ensinando os meninos a fazerem as flechas –
REVISTA FÓRUM IDENTIDADES |Itabaiana-SE, Universidade Federal de Sergipe, v. 28, p. 25-40, set.-dez. de 2018.
35
DIFERENÇA E INFÂNCIA INDÍGENA NO BRASIL: UM OLHAR A PARTIR DA NARRATIVA CINEMATOGRÁFICA
aprendizado passado dos mais velhos para os mais novos, que também
ocorre entre os Ikpeng, outro povo do Parque indígena do Xingu, tal
como registra o documentário brasileiro “Das crianças Ikpeng para o
mundo” (TXICÃO, TXICÃO & TXICÃO, 2001).
De modo geral, ressaltamos que o processo de educação das
crianças da aldeia registrada no documentário não se pauta numa lógica
individualista e cognitivista, como vemos, majoritariamente, na
aprendizagem das crianças urbanas escolarizadas. É certo que a educação
escolar indígena vem há tempos introduzindo o modo de aprendizado
escolar (racionalizante) nas aldeias (BROSTOLIN & CRUZ, 2011;
SILVA, 2013; TERENA, 2003). Apesar disso, a educação indígena tem
seu modo próprio de produzir uma infância. Esta educação ocorre em
toda a aldeia, está ali antes da escola, e vai para além dela. Enquanto uma
diferença importante, sinalizamos que a educação indígena das crianças
Yudja depende dos mais velhos, e esses apresentam para elas uma
dimensão mística do processo de formação dos indígenas, a qual reflete a
cosmovisão do seu povo sobre a vida e as coisas da natureza. Mais do
que ensinamentos técnicos de como caçar, pescar, tecer, cozinhar, os
adultos estão exercendo o papel de transmissão de todo um sentido do
que é ser um(a) integrante daquele povo, daquela etnia e daquela aldeia
específica.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste artigo, assumimos como missão desvendar e também –
sendo nós pesquisadoras não indígenas – poder se confrontar com a
infância vivida pelas crianças indígenas: como se relacionam e convivem
com os adultos de suas comunidades e como se dá o processo de
transmissão do legado educacional do seu povo. Além de nos apoiar em
pesquisas do campo dos estudos da infância, incluindo aquelas com
crianças indígenas, utilizamo-nos da linguagem cinematográfica, por
meio do documentário Waapa, para produzir reflexões acerca do tema da
infância indígena no Brasil e a diferença.
Tendo como parceiro dessa discussão o cinema, pretendemos
olhar para a infância com toda sua diversidade a partir de outras lentes,
que pudessem confrontar os conhecimentos da academia, por vezes
firmados como certezas. Assim, além dos recursos da linguagem escrita
presentes em livros e artigos – igualmente importantes – pudemos contar
com as imagens, os sons, a poesia, as cenas montadas, que nem sempre
REVISTA FÓRUM IDENTIDADES |Itabaiana-SE, Universidade Federal de Sergipe, v. 28, p. 25-40, set.-dez. de 2018.
36
Suzana Santos Libardi; Conceição Firmina Seixas Silva
são fiéis à vida, assim como ela própria pode ser ficcionada, muitas
vezes, pelos sujeitos. Neste jogo entre ciência e cinema, olhamos para
infância Yudja na sua relação com seus remédios – o waapa – o que nos
permitiu outras possibilidades de narrar a infância. Vemos no cinema a
potência além-fala de tocar em outros sentidos e sentimentos – o
encantamento da história, o prazer proporcionado pela imagem, a
identificação com algumas cenas e também o estranhamento provocado
por outras – garantindo alguns deslocamentos da forma como insistimos
em ver e lidar com crianças na nossa cultura ocidental. Há também no
cinema algo que se mantém como enigma, como o sentido de infância
que aqui esboçamos, que não alcança a tradução de nossas palavras, que
se apresenta como “um lugar muito nebuloso” (SILVA, 2016, p. 41),
como expressou a cineasta Sandra Kogut em entrevista para uma das
autoras, e talvez por isso também sedutor. Foi pela sedução que fomos
captadas pelas imagens das crianças Yudja, circulando amplamente por
seu território, compartilhando tarefas com os adultos e as pessoas mais
velhas da comunidade, usufruindo de uma liberdade e assumindo
coletivamente os riscos dessa forma de viver.
Acreditamos que o aspecto da diferença seja a marca das
infâncias – todas elas – seja em relação ao aspecto geracional, seja em
relação aos contextos socioculturais, políticos e geográficos, que fundam
modos singulares de uma infância. Tomamos a diferença aqui na sua
forma de alteridade que, como tal, escapa a nossa objetivação, e nos
distanciamos, assim, de modelos teóricos que enclausuram a infância em
caminhos prescritos, restringindo as possibilidades das crianças, junto
com seus pares e adultos, construírem narrativas sobre suas próprias
vidas. Apostando na diferença, vimo-nos também diante do desafio de
escapar da armadilha de pontuar a singularidade e diferença da infância
indígena em oposição a modelos normativos e hegemônicos, que se
figuram na vida de crianças de contextos urbanos e camadas sociais
média-alta. Estaríamos nós, ao falar da diferença, mesmo que para
tensionar, reforçando o modelo? Conseguimos nos livrar dessa
relação/tensão dialética? Talvez esta tarefa – que entendemos como
epistemológica, política e ética – da produção de uma contranarrativa da
diferença seja necessária, pois, assumindo que os saberes e teorias não
descrevem, de forma neutra, uma realidade, mas produzem a mesma, é
por esse caminho tensionado que podemos escapar daquilo que
evidencia uma infância, ao desconfiar até mesmo do que produzimos,
REVISTA FÓRUM IDENTIDADES |Itabaiana-SE, Universidade Federal de Sergipe, v. 28, p. 25-40, set.-dez. de 2018.
37
DIFERENÇA E INFÂNCIA INDÍGENA NO BRASIL: UM OLHAR A PARTIR DA NARRATIVA CINEMATOGRÁFICA
mantendo as palavras em aberto para as identificações, mas também para
o confronto.
Referências
ALANEN, Leena. Estudos feministas/Estudos da infância: paralelos,
ligações e perspectivas. In CASTRO, Lucia R. de (Org.) Crianças e
Jovens na construção da cultura. Rio de Janeiro: Editora Nau, 2001, p.
69-92.
BROSTOLIN, Marta R. & CRUZ, Simone de F. Criança Terena:
algumas considerações a respeito de suas representações identitárias e
culturais. In NASCIMENTO, Adir C. et al (Orgs). Criança indígena:
diversidade cultural, educação e representações sociais. Brasília: Liber
Livro, 2011, p. 157-179.
CASTRO, Lucia R. de. A infância e seus destinos no contemporâneo.
Psicologia em revista, Belo Horizonte, v.8, n.11, p. 47-58, 2002.
Disponível
em:
http://periodicos.pucminas.br/index.php/psicologiaemrevista/article/vi
ew/134 Acesso em 12 jul. 2018.
CASTRO, Lucia R. de. A infância e seus direitos: são eles a única via de
emancipação das crianças? In ______. O futuro da infância e outros
escritos. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2013, p. 175-194.
COHN, Clarice. Crescendo como um Xikrin: uma análise da infância e
do desenvolvimento infantil entre os Kayapó-Xikrin do Bacajá. Revista
de Antropologia, São Paulo, USP, v. 43, n.2, p. 195-222, 2000.
Disponível
em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S003477012000000200009 Acesso em 8 jul. 2018.
DOMINGUES-LOPES, Rita de Cássia; OLIVEIRA, Assis da Costa;
BELTRÃO, Jane Felipe. O lúdico em questão: Brinquedos e brincadeiras
indígenas. DESIDADES: Revista Eletrônica de Divulgação Científica
da Infância e Juventude, n.6, p. 25-39, 2015. Disponível em:
<https://revistas.ufrj.br/index.php/desidades/article/view/2615/2185
>. Acesso em 13 jul. 2018.
GRUBITS, Sonia. A casa: cultura e sociedade na expressão do desenho
infantil. Psicologia em Estudo. Maringá, v.8, n.spe, p. 97-105, 2003.
Disponível
em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141373722003000300012&lng=en&nrm=iso> Acesso em 13 de jul. 2018.
JENKS, Chris (Edit.). The Sociology of Childhood: essential readings.
Great Britain: Batsford Academic, 1982.
REVISTA FÓRUM IDENTIDADES |Itabaiana-SE, Universidade Federal de Sergipe, v. 28, p. 25-40, set.-dez. de 2018.
38
Suzana Santos Libardi; Conceição Firmina Seixas Silva
LAROSSA, Jorge. O enigma da infância. In ______. Pedagogia
profana. Belo Horizonte: Autêntica, 2010, p. 183-207.
LIBARDI, Suzana S. Quando e como a proteção da infância é um valor
para os adultos. DESIDADES: Revista Eletrônica de Divulgação
Científica da Infância e Juventude, Rio de Janeiro, v.11, p. 51-61, 2016,
jun.
Disponível
em:
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S231892822016000200006&lng=pt&nrm=iso> Acesso em 13 jul. 2018.
MAHER, Terezinha de J. M. A criança indígena: do falar materno ao
falar emprestado. In FARIA, Ana Lúcia G. de. & MELLO, Suely A.
(Orgs.). O mundo da escrita no universo da pequena infância.
Campinas, SP: Autores Associados, 2005, p. 75-108.
MATTOS, Amana R.; PÉREZ, Beatriz C.; ALMADA, Carlos &
CASTRO, Lucia R. de. O cuidado na relação professor-aluno e sua
potencialidade política. Estudos de Psicologia, v.18, n.2, p. 369-377,
2013.
Disponível
em:
http://www.scielo.br/pdf/epsic/v18n2/v18n2a24.pdf Acesso em 13 jul.
2018.
MEIRELLES, Renata; REEKS, David & MENDONÇA, Paula. Waapa
[Film]. Brasil: Instituto Alana & Maria Farinha Filmes, 2017.
OLARIETA, Fabiana; SILVA, Conceição F. S. & OGG, Lisandra. Um
olhar sobre uma infância indígena: Entrevista de Beatriz Fabiana
Olarieta, Conceição Firmina Seixas Silva, Lisandra Ogg Gomes com
Paula Mendonça de Menezes. Revista Teias, v.19, n.52, p. 169-181,
http://www.e2018.
Disponível
em:
publicacoes.uerj.br/index.php/revistateias/article/view/31599 Acesso
em 13 jul. 2018.
PEREIRA, Rita R.; SILVA, Conceição F. S. & OGG, Lisandra. A
infância no fio da navalha. Educação Temática Digital. 2018. [no
prelo].
PINHEIRO, Sacha L. & FROTA, Ana M. M. C. Uma compreensão da
infância dos índios Jenipapo-Kanindé a partir deles mesmos: um olhar
fenomenológico, através de narrativas e desenhos. Estudos e pesquisa
em psicologia, Rio de Janeiro, v. 9, n. 3, p.724-759, 2009 Disponível
em:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S180842812009000300012&lng=pt&nrm=iso Acesso em 08 jul. 2018.
PRADO, Renata L. C. O silêncio de grupos específicos de crianças em
pesquisas. Educar em revista, Curitiba, n.64, p. 215-230, 2017, June.
Disponível
em:
REVISTA FÓRUM IDENTIDADES |Itabaiana-SE, Universidade Federal de Sergipe, v. 28, p. 25-40, set.-dez. de 2018.
39
DIFERENÇA E INFÂNCIA INDÍGENA NO BRASIL: UM OLHAR A PARTIR DA NARRATIVA CINEMATOGRÁFICA
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010440602017000200215&lng=en&nrm=iso Acesso em 13 jul. 2018.
QVORTRUP, Jeans. Nove teses sobre a “infância como um fenômeno
social”. Pro-Posições, Campinas, v.22, n.1(64), p. 199-211, 2011.
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/pp/v22n1/15.pdf. Acesso em
12 jul. 2018.
ROSEMBERG, Fúlvia. Teorias de gênero e subordinação de idade: um
ensaio. Pro-Posições, vol.7, n.3, p. 7-23, 1996. Disponível em:
https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/proposic/article/vie
w/8644211 Acesso em 14 jul. 2018.
SILVA, Conceição F. S. Infância e cinema: Entrevista de Conceição
Seixas com Sandra Kogut. Desidades: Revista Eletrônica de Divulgação
Científica da Infância e Juventude, Rio de Janeiro, n. 12, ano 4, p. 38-46,
2016.
Disponível
em:
http://desidades.ufrj.br/wpcontent/uploads/v12n1PT.pdf Acesso em 14 jul. 2018.
SILVA, Rogério C. da. Mau-olhado e quebranto: o que podemos
aprender com os povos indígenas sobre suas crianças mesmo quando
eles desconfiam de nossa educação infantil? In SILVA, Isabel de O. e;
SILVA, Ana Paula S. da & MARTINS, Aracy A. (Orgs.). Infâncias do
campo. Belo Horizonte: Autêntica, 2013, p. 149-166.
SIQUEIRA, Romilson M. Por uma sociologia da infância crítica no
campo dos estudos da infância e da criança. Educativa, Goiânia, v. 16,
n.
2,
p.
177-200,
2013,
jul./dez.
Disponível
em:
http://seer.pucgoias.edu.br/index.php/educativa/article/view/3085/18
74 Acesso em 14 jul. 2018.
TERENA, Marcos. Posso ser o que você é, sem deixar de ser quem eu
sou! In RAMOS, Marise N.; ADÃO, Jorge M. & BARROS, Graciete M.
N. (Coords.). Diversidade na educação: reflexão e experiências.
Brasília: Secretaria da Educação Média e Tecnológica, 2003, p. 99-104.
TXICÃO, Natuyu Y.; TXICÃO, Karané & TXICÃO, Kumaré. Das
crianças Ikpeng para o mundo [Film]. Brasil: Vídeo das Aldeias, 2001.
ZOIA, Alceu & PERIPOLLI, Odimar J. Infância indígena e outras
infâncias. Espaço Ameríndio, Porto Alegre, v.4, n.2, p. 9-24, 2010,
jul./dez.
Disponível
em:
http://seer.ufrgs.br/index.php/EspacoAmerindio/article/view/12647
Acesso em 13 de jul. 2018.
Recebido: 02 de agosto de 2018
Aprovado: 09 de setembro de 2018
REVISTA FÓRUM IDENTIDADES |Itabaiana-SE, Universidade Federal de Sergipe, v. 28, p. 25-40, set.-dez. de 2018.
40
